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quarta-feira, 18 de abril de 2012

Tempos da Minha Infância por Waldeci Moraes

   
  
      Dos meus tempos de infância trago muitas lembranças engraçadas e divertidas. Com o passar do tempo, descobri que eram lembranças que jamais iriam ser esquecidas e que renderiam muitos momentos de reflexões em minha vida, por isso hoje em dia, faço uso de muitas delas. Como essa, por exemplo:
   Na década de setenta, minha família mudou-se para o interior do Estado, trocávamos o conforto e a praticidade de uma cidade por um arraial rural no meio da mata. Da casa linda onde morávamos, levamos apenas os nossos pertences e as doces lembranças dos amigos e vizinhos. A nossa nova morada construída pela comunidade local, era o lugar que a meu ver, não tinha nada haver conosco e nem com o nosso modo de vida, meu pai era carpinteiro e a minha mãe uma costureira, eu tinha sete anos de idade e meus dois outros irmãos dois e três anos.
   Com o passar dos meses a saudade do nosso antigo lar foi amenizando e comecei a fazer novas amizades, e como eram de se esperar comecei a me enturmar com as demais crianças da comunidade. As pessoas se reuniam todas as noites na frente da pequena igreja local, esta era rodeada por um conjunto de três tapires (equivalente a pequenos barracões de taipa), que eram iluminados por lâmpadas incandescentes, por eletricidade gerada pela força de um pequeno gerador, que só era ligado nos finais de semana, ou seja, toda iluminação artificial noturna da comunidade dependia exclusivamente do gerador.
   No princípio foi difícil me acostumar com a precariedade do local, principalmente à noite, quando era mais evidente as diferenças da mata para a cidade, mas, logo estava eu envolvido com a molecada correndo de um lado para o outro brincando de pega-pega, esconde-esconde, cai-no-poço, e as brincadeiras de roda (Pai Francisco, A Barata, A canoa virou, etc.).
   Levei também para os meus novos amigos a minha contribuição, ensinei aos mesmos algumas brincadeira de meninos típica da zona urbana tais como: o assassino, empinar pipa (que no meu tempo se chamava papagaio, cângula ou rabióla), as regras do jogo de petecas (que agora se chama bola de gude), por outro lado aprendi o uso da baladeira (estilingue), com a qual me tornei um exímio caçador de passarinhos e a arte do mergulho do qual fui campeão inúmeras vezes.
   Não demorou muito para que esquecesse totalmente as minhas origens urbanas. Havia redescoberto a vida no paraíso e isso não tinha preço. Aos domingos entrei para o coral da igreja, aonde descobrir que não tinha vocação nenhuma para o canto. Durante os dias de semana, frequentava a escola local, e lá conheci diversas atividades artísticas e lúdicas como: a arte de representar, a pintura, a arte de contar histórias, o futebol e a dança.
   De vez em quanto batia uma saudade dos meus velhos amigos que havia deixado para trás, mas, era só de vez em quando. A infância no interior me proporcionou uma das melhores fases (se não a melhor) da minha vida.
   Hoje já adulto e responsável e ao conviver novamente com inúmeras crianças, lembro com bastante saudade de um tempo em que ser feliz era tudo o que me importava.
   Assim pinto uma aquarela com cheiro a caramelo, e tons de um dourado grave, igual ao sol que brilha lá fora e de um azul celeste igual ao céu debaixo do qual eu fui astronauta, super-herói, rei, menino e criança, onde tudo era possível, e o bem vencia sempre.

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